Sumário:

No universo da gestão em saúde, somos constantemente bombardeados por uma verdadeira “sopa de letrinhas”. Siglas como PACS, RIS, HIS e DICOM são onipresentes em reuniões, propostas comerciais e na operação diária de hospitais e clínicas. Para a Coordenadora de Imagem Beth, elas representam o fluxo de trabalho. Para o Diretor Clínico Dr. Eduardo, são parte fundamental do investimento em tecnologia.

Mas o que realmente significam? E, mais importante, como a conexão (ou a falta dela) entre esses sistemas impacta diretamente a eficiência, a qualidade e o futuro do diagnóstico por imagem?

A verdade é que entender esse ecossistema não é apenas um exercício técnico, e sim uma necessidade estratégica. A capacidade de um hospital ou clínica de entregar um diagnóstico rápido e preciso depende fundamentalmente de como essas peças se encaixam. Então, uma falha na comunicação entre o RIS e o PACS pode atrasar um laudo de urgência. Já a falta de integração do prontuário eletrônico com o sistema de imagens pode levar a decisões clínicas com base em informações incompletas.

Neste guia definitivo, vamos conhecer tudo sobre o dicionário da saúde digital. Mas não vamos apenas traduzir as siglas, e sim explicar como cada sistema se relaciona com a radiologia, o que os diferencia, e como a integração e a interoperabilidade entre eles são a chave para transformar a operação de diagnóstico por imagem de um desafio operacional em um verdadeiro diferencial competitivo.

Os fundamentos: o padrão e o arquivo

Antes de falarmos dos grandes sistemas de gestão, precisamos entender a base sobre a qual tudo é construído: a linguagem universal das imagens médicas e o local onde elas vivem.

DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine)

Pense no DICOM como o “idioma universal” das imagens médicas. Não é um software, mas sim um padrão internacional para transmitir, armazenar e processar informações em imagem médica. Se um tomógrafo, um visualizador e um sistema de arquivamento “falam” DICOM, eles conseguem se comunicar perfeitamente, independentemente do fabricante.

A relação com a radiologia é completa. O DICOM é a espinha dorsal da radiologia digital. Cada imagem de Tomografia, Ressonância Magnética ou Raio-X é um arquivo DICOM, que contém a imagem e metadados como nome do paciente, data do exame e configurações do equipamento.

Além disso, um dos seus diferenciais é ser um padrão global e aberto. Assim, o DICOM derrubou os muros entre diferentes tecnologias, sendo o primeiro grande passo para a colaboração e a telerradiologia.

PACS: entenda mais sobre essa sigla

PACS é a sigla para a expressão em inglês Picture Archive and Communication System, que em português significa Sistema de Arquivamento e Compartilhamento de Imagens.  Ele é o coração da operação de diagnóstico por imagem.

O PACS tem como principal objetivo facilitar o gerenciamento de todas as imagens colhidas, a fim de monitorar o quadro do paciente e toda a sua evolução. Ou seja, é a biblioteca digital de todos os exames de imagem da instituição.

No sistema PACS é possível armazenar todos os exames no formato DICOM, de forma democrática e permitindo que qualquer membro da equipe do centro de saúde possa acessar o conteúdo e pesquisar informações sobre o quadro do paciente. Um PACS moderno deve funcionar em nuvem, viabilizando a telerradiologia de alta performance.

Resumidamente, as principais funções de um PACS são:

  • Possibilidade de criar listas de trabalho para toda a equipe;
  • Armazenamento e transferência das imagens recolhidas nos exames;
  • Distribuição dessas imagens para outros sistemas;
  • Visualização de imagens de exames.

A camada de gestão: orquestrando o fluxo de trabalho

Se o PACS cuida das imagens, outros sistemas cuidam do fluxo de trabalho administrativo, clínico e laboratorial. Agora, a integração se torna vital para tudo funcionar.

Sistema de Informação em Radiologia (RIS)

RIS é a sigla para a expressão em inglês Radiology Information System, na tradução, Sistema de Informação de Radiologia. Esse sistema ajuda a manter o controle sobre todos os exames feitos em um centro de saúde. Ele gerencia o fluxo de trabalho do paciente que não envolve a imagem em si, como agendamento, cadastro, faturamento e relatórios gerenciais.

O RIS é um excelente auxílio na organização dos processos de uma clínica, cooperando no fluxo de um trabalho mais ágil e independente. Esse sistema tem um grande diferencial: permite o agendamento de exames através de uma interface web. Ele ainda auxilia no controle de estoque, financeiro e de faturamento do centro de imagem.

Ele trabalha em harmonia com o PACS. O paciente é cadastrado no RIS, o que gera uma “ordem de serviço” para o PACS. Após o laudo no PACS, a informação retorna ao RIS para concluir o faturamento e a distribuição.

Dentre suas principais funções, destacam-se:

  • Admissão de pacientes e agendamento de exames;
  • Armazenamento de laudos de exames;
  • Gestão de fluxo de trabalho do local;
  • Integração DICOM.

Sistema de Informação Clínica (CIS)

CIS é a sigla para expressão Clinical Information System, que em português significa Sistema de Informação Clínica. Portanto, o seu principal objetivo é unificar todas as soluções de softwares que auxiliam no gerenciamento das informações de um centro de saúde.

Embora muitas vezes suas funções se sobreponham às do HIS e do EHR, o CIS é específico para otimizar o acesso à informação clínica no ponto de atendimento, como em UTIs ou centros cirúrgicos. Ele consome as informações geradas pelo PACS/RIS, disponibilizando laudos e imagens diretamente para a equipe clínica que está cuidando do paciente, agilizando a tomada de decisão.

Dentre suas principais funções, podemos destacar:

  • Possibilidade de criar um planejamento de tratamento para os pacientes;
  • Importante auxílio para as decisões clínicas;
  • Aquisição, submissão e recuperação de dados clínicos.

Sistema de Informações de Laboratório (LIS)

O Sistema de Informações Laboratoriais (LIS) é o equivalente do RIS para o departamento de análises clínicas. Ele gerencia todo o fluxo de trabalho do laboratório, sendo responsável por gerenciar e armazenar os dados e informações para os laboratórios.

O LIS se destaca por seu apoio a organizações de saúde e seus laboratórios parceiros. Dessa forma, possibilita o relacionamento de dados sensíveis de pacientes, como análises sobre infecção, imunologia e diagnóstico do tratamento. Por isso, ele é essencial para se ter uma visão 360º do paciente.

As suas principais funções incluem:

  • Gestão e realização de variados exames;
  • Entrega de resultados desses exames;
  • Recebimento de pedidos dos exames.

Sistema de Informação Hospitalar (HIS)

O HIS é do inglês Hospital Information System, ou seja, sistema informatizado de gestão hospitalar. Esse software é o sistema nervoso central de um hospital, integrando e gerenciando todas as suas operações: clínicas, financeiras, administrativas e operacionais.

O departamento de radiologia é um dos muitos serviços conectados ao HIS. O sistema envia solicitações de exames ao RIS e recebe de volta os laudos, anexando-os ao prontuário geral do paciente.

Por isso, o HIS permite que os funcionários desenvolvam, registrem e consultem informações de pacientes no sistema. Ele integra a comunicação interna e externa de um centro de saúde. Enquanto RIS e PACS são especialistas, o HIS é um sistema generalista e integrador para toda a instituição.

EHR / PEP

O EHR /PEP (Electronic Health Record / Prontuário Eletrônico do Paciente) é a versão digital do prontuário de papel. Ou seja, é um registro longitudinal e em tempo real dos dados de saúde de um paciente.

O EHR é o destino final e o ponto de consolidação do trabalho da radiologia. O laudo radiológico alimenta o EHR, que é acessado pelo médico assistente para ter uma visão uniforme da saúde do paciente.

Enquanto o HIS foca na gestão da instituição (operacional, financeira), o EHR tem como foco total o paciente e na sua história de saúde.

Interoperabilidade vs. Integração: a ponte para a eficiência

Ouvimos falar sobre “interoperabilidade” e “integração” constantemente. No entanto, eles representam níveis diferentes de conexão:

  • Integração: é uma conexão ponto a ponto entre sistemas para trocar dados. É funcional, mas muitas vezes rígida.
  • Interoperabilidade: é a capacidade de diferentes sistemas, de diferentes fabricantes, de se comunicarem e, o mais importante, utilizarem as informações trocadas. Ela garante que o sistema receptor compreenda o contexto da informação.

De fato, aprendemos que a interoperabilidade não deve ser uma barreira tecnológica, certo? Na verdade, a barreira da interoperabilidade é a decisão das instituições, dos seus executivos, de como essa informação pode estar disponível. Portanto, a questão se torna estratégica, envolvendo modelos de negócio e liderança.

Desafios atuais e oportunidades

Apesar da tecnologia estar disponível, atualmente muitas instituições ainda operam em silos. A Coordenadora Beth, por exemplo, frequentemente lida com a necessidade de digitar a mesma informação em dois sistemas diferentes. O Dr. Eduardo, infelizmente, também se frustra com a dificuldade de obter uma visão consolidada dos dados para tomar decisões estratégicas.

Os desafios são claros:

  1. Cultura e liderança: a maior barreira é a cultural. A transformação digital exige uma liderança que enxergue os dados não como um subproduto da operação, mas como o ativo mais valioso da instituição. Exige a disposição para redesenhar processos e abandonar o conforto do papel.
  2. Sistemas legados: muitos hospitais ainda dependem de sistemas antigos, que não não funcionam para a interoperabilidade, tornando as integrações caras e complexas.
  3. Alinhamento de incentivos: o benefício de compartilhar dados de um paciente entre um hospital e uma clínica muitas vezes é do paciente e do sistema de saúde como um todo, mas o custo da implementação recai sobre as instituições individualmente.

O futuro: da informação à ação inteligente

A integração de sistemas é apenas o alicerce. O futuro, portanto, com a poderosa Inteligência Artificial, está em construir uma camada de inteligência sobre essa base. Por isso, a grande revolução é sair dos Large Language Models para o Large Action Model, onde se entende qual é a próxima ação a tomar.

Isso significa evoluir para um diagnóstico preditivo, uma orquestração inteligente do fluxo de trabalho e uma gestão de saúde populacional mais eficaz. Sendo assim, esse futuro depende de dados organizados e interoperáveis. A “sopa de letrinhas” com DICOM, PACS, RIS e HIS, entre outras, se torna a infraestrutura essencial para a medicina preditiva e com personalização.

O dia a dia de um centro de saúde pode ser leve e funcional!

A implementação de ferramentas que auxiliem um centro de saúde é extremamente importante para a otimização dos serviços. Um deles é a telerradiologia, que aumenta a agilidade no serviço, proporciona economia e auxilia na oferta de novos exames, mesmo em clínicas mais distantes.

Que tal levar tecnologia para o seu centro de saúde com os sistemas DICOM PACS RIS e HIS? A Telepacs possui uma equipe qualificada para te ajudar. Entre em contato conosco e saiba mais!